4 dicas para desenhar corpos que estudam

 

English version below.

p4

No último post, eu escrevi um pouco sobre os desenhos que faço de pessoas estudando, e mostrei os resultados recentes dessas incursões pelo desenho em sala de aula. A seguir, pretendo apresentar algumas dicas para desenhar neste mais que propício lugar para a prática do desenho.

Fazendo o máximo do meu tempo

p5

Eu utilizei essas exatas palavras para falar num post passado sobre aproveitar o tempo para desenhar dentro do ônibus. Neste caso, o conceito também se aplica à sala de aula. Quantas vezes as aulas não tomam um rumo inesperado e viram algo improdutivo, incoerente, e passamos a ‘’perder’’ tempo, de certa maneira? Mexendo no celular, dormindo, seja lá o que for. Por isso, utilizar esses escapes dentro de sala de aula para desenhar são essenciais. Se você notar que a aula em que você se encontra não está tão interessante assim, não pense duas vezes em pegar o material que estiver ao seu alcance para fazer alguns desenhos.

A tal da anatomia de corpos que estudam

 

Não é atoa que decidi incorporar o nome de anatomia de corpos que estudam para referenciar a esses desenhos feitos em sala de aula. Quando estamos desenhando em sala passamos a perceber as diferentes poses que as pessoas fazem enquanto estudam. As trocas de perna, os braços inquietos, os corpos curvados (ou eretos). Todas essas poses, e suas respectivas anatomias, as formas com que um braço se dobra, que uma perna se estica… tudo isso você consegue observando numa sala de aula. São poses naturais, portanto, muito valiosas.

Memorização

Untitled_26112018_155745_028

Não conheço muito de técnicas de memorização, leitura rápida… Mas, durante os desenhos que realizo em sala, os elementos de texto e imagem estão a todo momento em sintonia. Frases, conceitos, teorias, tudo entra no desenho, e vice-versa. É uma boa forma de particularizar o conhecimento, atrelando o desenho ao conteúdo que você está estudando, o que pode ser bem legal e eficiente.

Cabeças que estudam

Untitled_26112018_155745

Geralmente quando estamos estudando ficamos todos na mesma altura, para mais ou para menos, com a cabeça das pessoas sendo a primeira coisa que vemos que pode ser desenhada em sua totalidade. Seja de costas ou de lado, de frente (se você não intimidar a pessoa no ato do desenho e ela não se incomodar). Então, parta para a cabeça! Que é um conhecimento muito útil para os desenhistas, para treinar o desenho de todos os componentes, bocas, olhos etc. Por fim porque, afinal, desenhar cabeças é legal pra caramba.

 

Por hoje as dicas são essas. Desenhar em sala de aula é muito interessante, por todos esses motivos listados e outros. Ao final, você pode mostrar o resultado para as pessoas, que na maioria das vezes, ficarão lisonjeadas por terem sido desenhadas por você. Muitas delas farão questão de tirar uma foto e elogiar o seu trabalho. Quem sabe, no final de tudo, você não possa presenteá-las e significar, nem que seja por um momento, o dia de alguém com esse gesto simples, mas potente. Tenho certeza que esses modelos involuntários ficarão muito felizes por isso.

preto

ENG:

4 tips to draw bodies that study

In the last post, I wrote a little about the drawings that I make while people are studying, and I showed recent results of these incursions of the drawing in classes. Next, I pretend to show you some tips to draw in this more than welcome place to practice drawing.

Making most of my time

I used these exactly words in a past post about making the most of your time while drawing in the public transportation. In this case, the concept also applies to the classroom. How many times the classes takes a turn into something that we actually lose time, in a certain way? Using the Phone, sleeping, whatever. Because of that, to use these moments inside the class to draw are pretty much essential. If you notice that the class that you are into it’s not that interesting anymore, don’t think twice and take the material in your hands to make some lines.

The so called anatomy of bodies that study

It was not random that I decided to incorporate the name of anatomy of bodies that study to talk about these drawings made in the classroom. When we are drawing in the classes we begin to realize the different poses that people do while they are studying. The legs exchanges, the restless arms, the curved bodies (or erect). All these poses, and its respective anatomy, the forms of how an arm folds itself, that a leg stretches…all of that you can have by watching in a classroom. They are natural poses, therefore, very valuable.

Memorization

I don’t know much about memorization techniques, fast reading… but, during the drawings I do at classes, the elements of text and image are in synch the all time. Phrases, concepts, theories, everything goes into the drawing, and vice versa. It’s a good way to make the knowledge unique, by mixing the drawing to the content that you are studying, which cane be nice and very effective.

Heads that study

Usually when we are studying we all stay in the same height, for more or less, with the head being the first thing that we see that can be drawn in its totality. Either on the back or the side, in the front. So, go to the head! Which is a very useful knowledge for artists, to practice the drawing in a lot of components, like mouth, eyes etc. And because drawing heads is fun as hell.

That’s a wrap. To draw in classes is very interesting, by all the reasons pointed here and another ones. In the end, you can show the result to the people, that most of the time will be flattered to be drawn by you. A lot of them will make sure to take a picture and compliment your work. Perhaps in the end you can give them the drawing as a gift and transform their day. I am pretty sure that these involuntary models will be so happy because of that.

Anatomia de corpos que estudam

English version below.

Eu sempre gostei de desenhar pessoas, de todos os jeitos. Com a minha volta aos estudos, à academia, eu passei a desenhar muitas pessoas… estudando. Ou simplesmente em sala de aula. Em 2015, com uma atuação frequente no mercado Faísca, decidi criar um zine com desenhos de ‘’pessoas estudando’’, que percebi serem frequentes nos meus cadernos de esboço. O nome do zine, Anatomia de corpos que estudam, foi apropriado de uma sugestão que partiu de uma amiga que gosto bastante, também artista e que possui o desenho como linguagem do seu trabalho, a Natália Rezende. O zine contou com 100 cópias e está disponível para venda na minha loja.

a7

Em 2015 eu não tinha a mínima noção de que faria uma segunda graduação, e após isso, ingressaria em um mestrado. Esses movimentos permitiram que eu desenhasse muito (mas muito mesmo!) mais pessoas estudando. Eu poderia fazer, facilmente, mais 10 volumes do zine. Ou um grande compilado com todos esses desenhos. Fica aí a auto-dica.

Os desenhos mais recentes dessa pegada foram feitos no 2º semestre de 2018, no qual eu comecei frequentando 4 disciplinas diferentes (abandonei uma) e realizei um estágio docência.

Compartilho aqui alguns desenhos particulares dessas disciplinas, além de um compilado, que foi uma proposta de reunir vários desenhos de um material só, no qual acabei gostando bastante do resultado.

As disciplinas foram as seguintes:

  • TEEL: Tarefas da Edição –ficções da escrita e do livro em correspondências de escritores – Profª Ana Elisa Ribeiro / Prof. Cléber Cabral – 30h, 2cr.
  • TEEL: O livro por Escritores – objeto e teoria – Profª. Claudia Cristina Maia – 30h, 2cr.
  • TEPPE: Paratextos – Profª. Maria do Rosário Alves Pereira – 30h, 2cr.
  • Contexto Social e Profissional – Profª Ana Elisa Ribeiro e Alexandre Junior – 30h, 2cr.

Azul

ENG:

Anatomy of bodies that study

I always liked to draw people, in every single way. With my return to the studies, to the academy, I started drawing many people… studying. In 2015, with a frequent participation at the Faísca (a local market for independent artists and publishers), I decided to create a zine of ‘’people studying’’, that I realized being frequent in my sketchbooks. The name of the zine, Anatomia de corpos que estudam (Anatomy of bodies that study), was suggested by a dear friend, also artist, Natália Rezende. The zine had 100 copies and it’s available in my store.

Back in 2015 I had no idea I was going to begin a second graduation, and after that, would enjoy in the masters. These movements allowed me to draw a lot more of people studying. I could, easily, make another 10 volumes of the zine. Or a big compilation with all the drawings.

The most recent drawings in this concept were done in the second semester of 2018, which I attended 4 different classes, plus a teaching internship.

I share here some of these drawings, plus a compilation I did, with the proposition to reunite a lot of these drawings in the same picture. I like this result a lot.

The classes were the followings:

  • TEEL: Tarefas da Edição –ficções da escrita e do livro em correspondências de escritores – Profª Ana Elisa Ribeiro / Prof. Cléber Cabral – 30h, 2cr.
  • TEEL: O livro por Escritores – objeto e teoria – Profª. Claudia Cristina Maia – 30h, 2cr.
  • TEPPE: Paratextos – Profª. Maria do Rosário Alves Pereira – 30h, 2cr.
  • Contexto Social e Profissional – Profª Ana Elisa Ribeiro e Alexandre Junior – 30h, 2cr.

Os rostos do caderno vermelho

English version below.

Era por volta de Julho de 2018. No meio de uma obra sem fim no local onde trabalho, achei uma gama variada de papéis diferentes, de tipos e formatos diferentes, que foram utilizados em um curso de encadernação que ocorreu no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens, local onde sou aluno e estagiário na secretaria. Com a devida aprovação por parte dos responsáveis, pude levar os tais papéis para casa.

Com essa leva, fiz por volta de 7 cadernos para desenhar, com encadernação espiral mesmo, práticos. Nunca fui muito fã desse tipo de encadernação, mas ela possui boas vantagens.

Enfim. Desses vários cadernos, eu separei um em específico para a proposta que aqui quero descrever. Um caderno de 8 cm de altura por 6,5 cm de largura, encadernação espiral, com TODAS as folhas vermelhas. Na capa, um adesivo do Acerca, um selo de publicações independentes do qual sou muito fã. O caderno serviu de laboratório para desenhos entre Agosto e Novembro de 2018, no qual estipulei as seguintes regras:

  • Todos os desenhos precisavam ser feitos enquanto eu estava andando de metrô em BH.
  • Todos os desenhos precisavam ser feitos com caneta Nankin preta e Gel branca

Ao todo, foram realizados 24 desenhos nessas condições, o que formou um caderno bem intimista e fechado em si. A seguir, compartilho os desenhos que mais gostei dessa experiência. No meu IGTV, vocês podem verificar o caderno sendo folheado em sua totalidade.

Acredito que a experiência de se dedicar a um conceito, a algumas regras para a criação, é muito bem-vinda, ao invés de apenas esboçar compulsivamente, como costumo fazer. Nos momentos em que separo projetos, dedico atenção a um resultado específico, a sensação de unidade toma conta do meu trabalho, gerando produtos que se tornam especiais.

ENG:

The faces of the red sketchbook

It was around July of 2018. In the middle of a reform in the place I work, I found a variety of different papers, that were used for a binding course that happened at POSLING, the program where I am student and internee. With the right approval, I was able to take those papers home.

With these papers, I made around 7 sketchbooks, with spiral binding, very practical. I’ve never been a fan of this type of binding but it has its benefits.

Anyway. From those sketchbooks, I made a particular one for the proposition I will describe. A sketchbook with 8 cm tall per 6,5 cm large, spiral binding, with ALL the pages in red. In the cover, a sticker from Acerca, an independent  publishing company that I am very fan of. The book served as a laboratory for drawings between August and November of 2018, in which i made some ground rules:

  • All the drawings had to be done while I was at the Belo Horizonte Subway.
  • All the drawings had to be done with Black Nankin pen and White Gel Pen.

In the end, I did 24 drawings in those conditions, which formed a very intimate sketchbook. Next, I will share the drawings that I liked the most in this experience. In my IGTV channel, you can check the sketchbook in its totality.

I believe that the experience to dedicate to a concept, to some rules to create, it’s very welcome, instead of just randomly draw, like I use to do. In the moments where I pick some projects and focus in a specific result, the emotion takes my work, generating very special products.

Uma relação meio amarga

English version below.

Há quase 3 anos o meu irmão, Pedro, se internava pela última vez (Pedro tem Fibrose Cística e às vezes precisa se internar por conta de uma complicação). Essa última vez gerou a exposição Vigiar, uma individual que apresentei no Centro Cultural de Contagem em 2016.

5

Passados esses anos, Pedro está novamente internado por conta de algumas complicações com bactérias. Tive a oportunidade de ser novamente seu acompanhante em um desses dias e, para passar o tempo, fiquei quase o dia inteiro desenhando. Ao contrário do olhar que desenvolvi há quase 3 anos atrás, desta vez eu queria explorar mais as relações do Pedro com o espaço em volta (o que não foi muito bem sucedido). Lá atrás, o foco era nele e somente nele (e esse aspecto ainda ressoou bastante), mas decidi criar um pouco mais de contexto para as pessoas que tivessem acesso aos desenhos.

Com frequência eu conseguia retratá-lo assistindo à televisão no celular, no qual ele fez de inúmeras maneiras e posições. Quando não estava vendo TV, dormia. O fato de estar internado é extremamente cansativo para ele.

6

Confesso que de maneira geral eu prefiro os desenhos que executei há quase 3 anos atrás. Um ponto negativo dessa última vez é que a cadeira destinada ao acompanhante ficava próxima demais da cama do paciente, fazendo com que eu não conseguisse ter um ponto de vista muito bom para trabalhar, como da outra vez. Eu o acompanhei só uma vez também e o cansaço pesou bastante na mão. Da outra, eu fui vários dias e consegui ter um repertório mais amplo de desenhos nesse sentido. O quarto em que ele estava também era mais privado, o que possibilitava mais conforto na hora de desenhar, o que não foi possível dessa vez.

Pedro não liga que eu o desenhe. É uma das pessoas que mais desenhei até hoje e continua sempre sendo alvo dos meus traços. Há nele um desinteresse pelo que faço, e gosto disso. Ele não tá nem aí, tornando o meu trabalho muito mais fácil e sem pressão.

Pedro_digital_pb

Pedro_digital_cor

Desenhá-lo nessas circunstâncias traz uma relação meio amarga. Por um lado, é sempre um prazer desenhar, por outro, os desenhos reverberam o estado em que ele se encontra, o que é sempre triste.

Materiais utilizados: Pentel Pocket Brush, Canetinha Neo Pen Compactor e Marcador Tombow.

ENG

A bittersweet relation

It’s been almost 3 years since the last time my brother, Pedro, had to go to the hospital for a couple of days. Because of that I could make the exhibit Vigiar, an individual that I opened at the Contagem Cultural Center in 2016.

Since then, Pedro had to go to the hospital again last week. I had the opportunity to be his companion these days and, to pass the time, I spent the all day drawing him. I tried to create images that had some context to it, instead of just focusing on him (like I used to do).

With frequency I was able to draw him watching TV, which he did in a variety of positions. When he wasn’t watching TV, he was sleeping. The fact that he is an internee it’s very tired for him.

I confess that in a general way I prefer the drawings I did almost 3 years ago. A negative point this time is that the chair for the companions is too close from the bed of the internee, making my point of view very restricted. The one day job was very tiring as well. In the last time I was able to go multiple days and could make a variety of drawings based on that. The room from 3 years ago was more private too, which made possible having more comfort to drawing.

Pedro doesn’t care about me drawing him. He continues to be a target for my drawings. He has this kind of indifference for what I do, and I like it. He doesn’t give a shit, making my work much more easy and without pressure.

To draw him in these circumstances has a bittersweet relation. In one hand, it’s always a pleasure to just draw, in the other hand the drawings reverberate the state that he is in, which is always sad.

Tools that I used: Pentel Pocket Brush, Neo Pen Compactor marker, Tombow marker.

Exposição coletiva Urban Sketchers BH

English version below.

Rafa1.jpeg
Tradicional fotografia que o grupo realiza com os pés dos participantes. Créditos de Rafael Henrique. (IG e Canal do Youtube)

No último dia 29 de Setembro de 2018 aconteceu a abertura da Exposição coletiva Urban Sketchers Belo Horizonte, no Centro Cultural de Contagem, na qual fiz parte. A exposição contou com 13 artistas, que representaram o capítulo regional do Urban Sketchers Belo Horizonte, cada um na sua linha de trabalho.

Rafa4
Artistas e amigos na abertura. Todos felizes. Créditos de Rafael Henrique. (IG e Canal do Youtube)

A abertura contou com encontro para desenhar ao vivo (como é de praxe no grupo a cada duas semanas) de 13h às 15h, no qual os artistas desenharam o entorno do Centro Cultural. Após, houve a abertura oficial com vernissage e pude falar, juntamente com a coordenadora do grupo, Ekaterina Churakova, e os coordenadores do projeto Tudo a Ver, Fernando Perdigão e Olister Barbosa, sobre as práticas do grupo e ideia da exposição.

 

A exposição ficou maravilhosa e é muito gratificante ver o grupo crescer dessa forma, ao ponto de conseguir articular uma exposição coletiva. Eu, que acompanhei o ressurgimento do capítulo de Beagá de perto desde o começo, posso afirmar que o grupo cresceu bastante e hoje é muito enérgico, companheiro e divertido. A exposição em si é uma alegria e uma afirmação de que o grupo  está no caminho certo e pode crescer ainda mais.

 

Um destaque importante para mim foi poder verificar os Sketchbooks dos participantes ao vivo durante o dia de abertura. Mais de 20 cadernos foram disponibilizados pelos membros para serem folheados e é interessante ver os processos e ideias de cada um dos participantes do grupo, de forma mais intimista.

Luiza2
Foto da mesa de cadernos que foram expostos exclusivamente para a abertura. Créditos de Luiza Abdo. (IG)

A exposição fica aberta até o dia 31 de outubro, com visitação diária (exceto final de semana) de 08h às 17h, no Centro Cultural de Contagem, localizado na Rua Dr. Cassiano, Centro, Contagem-MG.

1_1
Desenho exposto após o encontro de abertura. 20 minutos in loco. Aquarela e Nankin.
Luiza1
Os meus desenhos que estão expostos até o dia 31/10. Créditos de Luiza Abdo. (IG)

ENGLISH:

In the last september 29th happened the opening of the collective Exhibit ‘’Urban Sketchers Belo Horizonte’’, at the Contagem Cultural Center, that I was part of. The exhibit has 13 artists that represents the regional chapter of the Urban Sketchers Belo Horizonte, each one with a different style and line of work.

The opening had a skecthcrawl, where the artists and some guests did drawings around the Cultural Center. After that, it happened a vernissage and I was able to talk about the practice of the group, along with the speech by fellow friends, such as Fernando Perdigão and Olister Barbosa (coordinators of the exhibition project) and Ekaterina Churakova, the coordinator of the local group.

The exhibit was wonderful and it’s very gratifying to see the group grow that way. I followed closely its growing since the return of the encounters and I can say for sure that today We are full of energy, fun and companionship. The exhibit itself is a joy and a statement that the group is on the right way and can grow a lot more.

A highlight for me was being able to see the Sketchbooks from the participants in the vernissage. Over 20 books were displayed by the members to read and it’s interesting to see the process and ideas of the members in a more intimate way.

The exhibit remains open till october 31th, from 8 a.m to 5 pm at the Contagem Cultural Center, located at Cassiano Street, Downtown, Contagem-MG.

4 Dicas para você sair desenhando no Ônibus

English version below.

Este não é um post comum idealizado com as estratégias do marketing de conteúdo, tampouco um manual para Pixar e mandar mensagens amorosas nos bancos dos coletivos. Na verdade, essas dicas são mais para mim do que para você, mas fique convidado a usá-las, caso ache útil.

28_09_2018_001indoparacentrocultural

Há alguns dias atrás eu vivi um frenesi criativo em um lugar que, a princípio, eu evitava desenhar. O famigerado ônibus, ou como gosto de chamá-lo, Busão. Foram mais de 10 desenhos até o momento e, obviamente, pretendo realizar ainda mais.  Neste post eu separei algumas dicas sobre o porquê de continuar a praticar dentro do transporte coletivo.

  1. Fazendo o máximo do meu tempo

Utilizo o ônibus para me locomover com muita frequência. Aos dias de semana, diariamente. É um tempo que tradicionalmente gasto ouvindo música e mexendo no celular. Ao desenhar no ônibus, aproveito esse tempo para praticar, pois desenho é teoria mas muita, muita prática. Praticar todo dia REALMENTE te torna melhor no desenho.

19_09_2018_Busão2

  1. Desapegando do Traço

Há muito tempo o meu traço vem se solidificando, possui um caráter bastante rígido e diversas vezes ouvi pessoas falando que meu desenho era ‘’duro’’, não de maneira pejorativa, mas constatando um fato. Dito isso, desenhar no ônibus é um desapego ao traço que venho consolidando ao longo dos anos. Não possuir controle por causa da tremedeira causada pelo trajeto do ônibus é, de certa forma, libertador. Não só isso, ter a ciência de que não controlamos completamente as coisas é o que faz a experiência ser ainda melhor. Estar aberto a essa possibilidade de que talvez aquele traço reto daquela barra (que é gostar de você) não sairá exatamente como você queria é um bom combustível para o processo criativo.

19_09_2018_Busão4

  1. Explorando novos ângulos

Uma das coisas mais atraentes em um desenho é a composição. Saber como utilizá-la e aplicar com propósito é o que separa os homens dos meninos, os profissionais dos amadores. Dito isso, o busão em si, dependendo do local em que você se senta nele, te dará uma composição e ângulos muito interessantes de se trabalhar, que podem deixar o seu desenho muito mais interessante. Então, fique atento a isso.

19_09_2018_Busão3

19_09_2018_Busão8

  1. Estudando Perspectiva

Esta bendita da perspectiva é, ao mesmo tempo, amor e ódio. Nunca estudei perspectiva formal, e foi só agora, em contato com livros sobre Urban Sketching, que tenho estudado os seus princípios. Meu desenho sempre foi muito feeling, noção de espaço, tudo adquirido com muita prática. Ou seja, muito fazer e pouco método. Ao me deparar com esses novos conceitos consigo enxergar o ônibus como um bom laboratório para aplicar os novos aprendizados. Ele é um espaço relativamente pequeno, confinado, mas que possui diversos pontos de fuga, linhas de convergência etc. Então, se você quiser praticar perspectiva sem ser aquele clichêzão dos livros, recomendo analisar as oportunidades que o Busão do seu bairro está dando e você não está percebendo.

19_09_2018_Busão1

Acredito que, a princípio, essas dicas estão mais do que suficientes. Percebi que desenhar no ônibus me motivou a sair da zona de conforto de uma forma que antes eu tentava evitar, e sou grato por ter feito isso. Desenhar é também revisitar conceitos antigos e aplicar novos conhecimentos de novas formas e com nova postura. Eu estaria apto a testar tudo isso que descrevi há 2 anos atrás? Talvez não, e nunca saberei. Mas isso não importa. O que importa é que testei agora e aprendi muito no processo, ao ponto de dividir as dicas comigo(como forma de internalizar os aprendizados), mas com você também.

19_09_2018_Busão7

P.S: Todos os desenhos foram realizados em um Sketchbook espiral com folhas coloridas de diferentes texturas, formato quadrado. Os materiais mais utilizados para a produção deles foram as canetas Nankin descartáveis Uni-Ball e Stabilo, marcadores Tombow e Posca. Tinta acrílica foi utilizada posteriormente para fazer o efeito do branco nas janelas.

ENGLISH:

4 tips to go out and draw on the bus

In the last few weeks I lived a creative frenzy in a place that I used to avoid to draw. The bus. In this post I give to you and myself 4 tips to why the public transportation is a good place to keep practicing your drawings.

  1. Making the most out of my time

I use the bus to go to college everyday and instead of wasting this time using my phone in social media, I believe that it could be better used for drawing, because drawing is theory but a lot, lot of practice. To practice everyday, no matter when and where, is really important to improve yourself.

  1. Style

My linework has been solid/hard and I developed this style for a couple of years now. Said that, to draw on the bus is a way to detach to the linework i’ve been cultivating over the years. To not control that line because of the shake ride of the bus is, somehow, liberator. To be open about the possibility of not controlling things is a great experience in terms of drawing.

  1. Angles

One of the most attractive things in a drawing is the composition. The bus, depending where you sit at it, it will give you a composition and angles very interesting to be working with, that can make your drawing much more powerful. So, pay attention to it.

  1. Perspective

I never studied perspective in a formal way before. My drawing was always intuitive and based in my own eyes, with a lot of practice behind it. When I started studying perspective through some very good books about urban sketching, I could see that the Bus is a very good place to practice the concepts. It’s a small place, but it has a lot of vanishing points and possibilities along the way. So, if you want to practice perspective but not in that cliche type of thing, I strongly recommend to use the bus for it.

I believe that for now these tips are more than enough. I realized that drawing on the bus makes me get out of my comfort zone in a way that I was avoiding before. To draw is to revisit some concepts too, to improve yourself. What really matters is that now I am able to put that in practice, to the point to share these tips to myself, but also to you.

P.S: All the drawings were done in a spiral sketchbook with colored sheets, square size. The materials were Nankin and Uni-ball pens by companies such as Uni-ball, Stabilo, Tombow and Posca. Acrylic paint was used after to enhance the whites.

Transformando frustração em criação

English version below.

O grupo Urban Sketchers BH realizará, no dia 29 de Setembro de 2018, a abertura da Exposição Urban Sketchers BH, que reunirá 13 artistas do movimento (comigo incluso) para expor suas obras com olhares voltados para Belo Horizonte e região. Partindo dessa perspectiva, e porque eu sentia a necessidade de produzir novos originais para a exposição, decidi sair todas as manhãs por três dias seguidos pelo meu bairro, no intuito de registrar imagens que tivessem uma relação com minha própria história pessoal e com a história do meu bairro.

No primeiro dia, queria capturar um ângulo que pudesse ser visto de cima do famoso ‘’Buraco da promessa’’, como meu bairro é também conhecido, tentativa essa frustrada. Diz a lenda que esse nome surgiu por causa de infinitas promessas de políticos a respeito da construção de uma escola no bairro que nunca acontecia. Tudo isso antes dos anos 90, é claro. A bendita escola (na qual estudei por 11 anos da minha vida) foi construída em 1995, com o nome de Escola Municipal Vereador Jesu Milton dos Santos. Foi o tal do político de mesmo nome da Escola que, por fim, lutou para que a Escola fosse construída. Apesar disso, o nome já havia pegado.

Enfim, ao não conseguir a tal da vista, fui andando por ruas que passei minha vida toda. E não é que percebi uma vista para a fábrica da Socil que nunca havia sequer notado? Decidi sentar e fazer o desenho ali mesmo, e aí surgiu o primeiro trabalho, diretamente da rua Monsenhor Leão, 136. Durante o processo, diversos pedestres passando e um sol escaldante que me deixou uns 3 dias ardido, culpa do despreparo de não usar um protetor solar.

12_09_2018_rua_monsenhorleão_136_72dpi

No segundo dia, mais frustração. Acho que isso faz parte do trabalho de um desenhista urbano. Decidi que, baseado nas minhas próprias experiências de desenhar minha rua lá na graduação em artes (por volta de 2009), iria tentar novamente esse desafio, mas agora com uma bagagem de experiência de quase 10 anos a mais nos traços. Comecei nessa expectativa, mas não deu muito certo. Minha rua é uma pequena ladeira e a perspectiva (que não domino muito bem até hoje) foi extremamente difícil de executar. Desisti. Apaguei todo o rascunho e desci uns 2 quarteirões para explorar diversos carros abandonados que ficam na rua Péricles Gomide. Um deles captou toda a minha atenção. Um Monza 94, verde escuro, 2.0 EFI, que não possuía a roda traseira da direita. Fiz alguns esboços e montei uma narrativa parecida com uma história em quadrinhos (já havia algum tempo que queria explorar esse aspecto nos meus sketchs) e, quando já terminava, fui indagado por um homem sobre o que eu estava fazendo.

Os carros, na verdade, não estavam abandonados. São propriedade de um revendedor local chamado Paulo César que os distribui pelas ruas para não ter que pagar estacionamento. Em uma conversa amigável, me contou alguns casos passados, sua atuação no mercado e foi muito gentil em responder as minhas perguntas. Sua empresa se chama Auto Marcha, e fica aqui o registro desse encontro que não seria possível senão pelos prazeres do Urban Sketch.

13_09_2018_monza94_72dpi

Por último, mas não menos importante, no terceiro dia eu novamente (Ah vá) tive uma missão frustrada. O objetivo principal era achar a biblioteca comunitária do bairro por onde eu fui muito feliz no final da adolescência. A biblioteca funcionava no CSU Amazonas, um centro comunitário que, em um período de reforma, deixou a biblioteca e as pessoas que cuidavam de lá sem lugar para ir, com todo o seu acervo. Uma triste, mas comum, história de descaso com os livros e com as pessoas que os amam. A bibliotecária da época, Míriam, desistiu de manter a biblioteca, conforme me foi contado por um atendente de lanchonete que: 1. Perguntou se eu era Nerd (Que diabo de Nerd anda com camisa regata e boné aba reta de time da NBA?) e 2. Queria me contratar pra fazer um ‘’serviço’’ de pintura mas sem saber muito bem o que queria e como queria, mas que gostava mesmo era de dizer que ele era ‘’diferente’’. Interações que a gente passa nesse mundão do desenho urbano.

Como a missão principal falhou, decidi subir até a pedreira Santa Rita (localizada no bairro amazonas) para verificar as possibilidades de lá. Meio tímido, vi algumas vistas interessantes, mas o que me chamou atenção de fato foi o contraste entre o vestiário e a pedreira, lá atrás. Enquanto fazia o desenho, as pessoas foram gentis e curiosas a respeito, e me senti a vontade para desenhar, mesmo em um lugar que a princípio parecia hostil.

14_09_2018_Pedreira_santa_rita_72dpi

Essa pequena exploração matinal me deixou muito contente, e voltei para casa cheio de amores por contagem e pelo desenho urbano. Extrair beleza do ordinário é um pequeno objetivo que pretendo seguir com este Blog.

ENGLISH:

Transforming frustration into creation

The local Urban Sketch Belo Horizonte Group is hosting a collective exhibit and i am one of the artists participating in it. I decided to exhibit only new original art and because of that, I went out three days in a row in my neighborhood with the purpose to make images with relation to my own personal history and the history of the neighborhood.

In the first day my desire was to capture a panoramic view from my neighborhood, better known as ‘’Buraco da promessa’’ (Hole of promise). It has this nickname because of several promises from politicians about the construction of a school there. The school actually got built in 1995, but the nickname already had caught. The try to get that perfect view was frustrated.

Walking around the streets I realized a view to a local Industrial company (Socil) that I have never seen before, so I decided to make the drawing right there, at the Monsenhor Leão street. Because I was there, a burning sun let me three days with burned skin. My fault being unprepared for my quest.

In the second day, more frustration. I guess this is part of the Urban Sketcher role. I decided to draw my own street, remembering the practice i used to do at college. My street is a small hill and it was extremely difficult to execute the perspective of it, so I gave up. I erased the all sketch and went down the streets, to explore the possibilities of some abandoned cars that stays at the Péricles Gomide street. One of them took my all attention. A dark green Chevrolet Monza 94, without the right back wheel. I did some sketches and put a narrative together, similar to comic books, a possibility I was already interested in. When I was about to finish, a guy showed up and asked me what i was doing. It turns out that the cars aren’t abandoned at all. They are the property of Paulo César, that distributes them by the streets so he won’t pay for parking. In a friendly talk, he told me about his work, company and some funny situations with the cars.

In the third and last day, guess what? Another frustrated mission. My main goal was to find a library that I used to go back when i was a teenager. I discovered that this public library is now close forever, by the lack of government help. Since my main goal was a failure, I went to the ‘’Pedreira Santa Rita’’ (Santa Rita Quarry) to check the possibilities from there. I saw some interesting views but what really got my attention was the contrast between the locker room (there is a soccer field there) and the quarry behind it. While I was there, the people were warm and kind, and I felt comfortable to draw, in a place that I first thought it was hostile.

This small morning exploration let me very happy and i went home full of love for Contagem and Urban Sketching. To extract beauty out of the ordinary is a small goal that i want to  follow and document for this Blog.

Sobre o Blog

English version below.

Oi!

O meu nome é Alexandre Junior, sou um artista formado em Desenho pela Escola de Belas Artes da UFMG (EBA), que vive e trabalha em Contagem, Minas Gerais. De uns anos para cá, comecei a me interessar bastante pelo movimento Urban Sketchers, um grupo internacional de artistas, ilustradores, arquitetos e aficionados pelo desenho urbano que se juntam, principalmente, para desenhar. Desenhar suas cidades, suas viagens… Dentro da lógica descentralizada do grupo principal, faço parte dos Urban Sketchers BH, que se reúnem a cada duas semanas para desenhar lugares da capital mineira.

Acontece que sou de Contagem, meu verdadeiro lar. Ultimamente tenho sentido muita vontade de colocar minha cidade no mapa. Não no Google Maps, nele ela já está. No mapa mundial de desenhistas urbanos. Eu quero que Contagem rivalize com a arquitetura clássica de Roma, Paris, Londres… Quero que Contagem seja, esteticamente falando, tão apetitosa quanto Tokyo, Chicago ou Porto. É com essa missão em mente que criei esse Blog, e passarei a publicar por ele as minhas andanças por Contagem, mas também pelo mundo. O blog funcionará como um registro acerca das minhas experiências com Urban Sketch, seja desenhando, escrevendo, apresentando trabalhos ou demonstrando resultados da minha pesquisa. O meu foco principal é pesquisar o mercado editorial dessas publicações de Urban Sketcher aqui no Brasil.

Muito obrigado pela leitura e por acompanhar meus esforços e trabalho.

Bem-vindo!

English:

Hi!

My name is Alexandre Junior, I am an artist graduated in Drawing by EBA-UFMG, based in Contagem, Minas Gerais, Brasil. A couple of years from now I’ve been interested in the Urban Sketchers movement. I am part of the local chapter Urban Sketchers Belo Horizonte, that gathers twice a month to draw some of the places from the city.

It turns out that I am from Contagem, my real home, not Belo Horizonte. Lately I’ve been feeling this desire to put my City in to the map. No the Google maps, but in the map of the Urban Sketching. I want Contagem to rival with the classic architecture from Rome, Paris, London… I want Contagem to be, aesthetically speaking, as beautiful as Tokyo, Chicago or Porto. It’s with this mission in mind that I created this blog, and I will be posting here my wanderings through Contagem, but also through the world. The blog will function to register my experiences as a Urban Sketcher, writing, drawing or showing the results of my research about the movement.

Thank you so much for reading and following my efforts and work.

Welcome!